segunda-feira, 12 de agosto de 2013

A ORAÇÃO EFICAZ

1Rs 18.42b-45 “Elias subiu ao cume do Carmelo, e se inclinou por
terra, e meteu o seu rosto entre os seus joelhos. E disse ao seu moço:
Sobe agora e olha para a banda do mar. E subiu, e olhou, e disse:
Não há nada. Então, disse ele: Torna lá sete vezes. E sucedeu que, à
sétima vez, disse: Eis aqui uma pequena nuvem, como a mão de um
homem, subindo do mar. Então, disse ele: Sobe e dize a Acabe:
Aparelha o teu carro e desce, para que a chuva te não apanhe. E
sucedeu que, entretanto, os céus se enegreceram com nuvens e vento,
e veio uma grande chuva; e Acabe subiu ao carro e foi para Jezreel”.

A oração é uma comunicação multifacetada entre os crentes e o Senhor. Além de palavras como
“oração” e “orar”, essa atividade é descrita como invocar a Deus (Sl 17.6). Invocar o nome do
Senhor (Gn 4.26), clamar ao Senhor (Sl 3.4), levantar nossa alma ao Senhor (Sl 25.1), buscar ao
Senhor (Is 55.6), aproximar-se do trono da graça com confiança (Hb 4.16) e chegar perto de Deus
(Hb 10.22).

MOTIVOS PARA A ORAÇÃO.

 A Bíblia apresenta motivos claros para o povo de Deus orar.
(1) Antes de tudo, Deus ordena que o crente ore. O mandamento para orarmos vem através dos
salmistas (1Cr 16.11; Sl 105.4), dos profetas (Is 55.6; Am 5.4,6), dos apóstolos (Ef 6.17,18; Cl 4.2;1Ts 5.17) e do próprio Senhor Jesus (Mt 26.41; Lc 18.1; Jo 16.24). Deus aspira a comunhão
conosco; mediante a oração, mantemos o nosso relacionamento com Ele.

(2) A oração é o elo de ligação que carecemos para recebermos as bênçãos de Deus, o seu poder e o cumprimento das suas promessas. Numerosas passagens bíblicas ilustram esse princípio. Jesus, por exemplo, prometeu aos seus seguidores que receberiam o Espírito Santo se perseverassem em pedir, buscar e bater à porta do seu Pai celestial (Lc 11.5-13). Por isso, depois da ascensão de Jesus, seus seguidores reunidos permaneceram em constante oração no cenáculo (At 1.14) até o Espírito Santo ser derramado com poder (At 1.8) no dia de Pentecostes (At 2.1-4). Quando os apóstolos se reuniram após serem libertos da prisão pelas autoridades judaicas, oraram fervorosamente para o Espírito Santo lhes conceder ousadia e autoridade divina para falarem a palavra dEle.
 “E, tendo eles orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo e anunciavam com ousadia a palavra de Deus” (At 4.31). O apóstolo Paulo freqüentemente pedia oração em seu próprio favor, sabendo que a sua obra não prosperaria se os crentes não orassem por ele (Rm 15.30-32; 2Co 1.11; Ef 6.18, 20; Fp 1.19; Cl 4.3,4; ver o estudo A INTERCESSÃO).

Tiago declara inequivocamente que o crente pode receber a cura física em resposta à “oração da fé” (Tg 5.14,15).

(3) Deus, no seu plano de salvação da humanidade, estabeleceu que os crentes sejam seus
cooperadores no processo da redenção. Em certo sentido, Deus se limita às orações santas, de fé e
incessantes do seu povo. Muitas coisas não serão realizadas no reino de Deus se não houver oração
intercessória dos crentes (ver Êx 33.11 nota). Por exemplo: Deus quer enviar obreiros para
evangelizar. Cristo ensina que tal obra não será levada a efeito dentro da plenitude do propósito de
Deus sem as orações do seu povo: “Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande ceifeiros para a sua
seara” (Mt 9.38). Noutras palavras, o poder de Deus para cumprir muitos dos seus propósitos é
liberado somente através das orações contritas do seu povo em favor do seu reino. Se não orarmos,
poderemos até mesmo estorvar a execução do propósito divino da redenção, tanto para nós mesmos, como indivíduos, quanto para a igreja coletivamente.

REQUISITOS DA ORAÇÃO EFICAZ.
 Nossa oração para ser eficaz precisa satisfazer certos requisitos.

(1) Nossas orações não serão atendidas se não tivermos fé genuína, verdadeira. Jesus declarou
abertamente: “Tudo o que pedirdes, orando, crede que o recebereis e tê-lo-eis” (Mc 11.24). Ao pai
de um menino endemoninhado, Ele falou assim: “Tudo é possível ao que crê” (Mc 9.23). O autor de Hebreus admoesta-nos assim: “Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé” (Hb 10.22), e Tiago encoraja-nos a pedir com fé, não duvidando (Tg 1.6; cf. 5.15).

(2) Além disso, a oração deve ser feita em nome de Jesus. O próprio Jesus expressou esse princípio
ao dizer: “E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho.
Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei” (Jo 14.13,14). Nossas orações devem ser feitas em harmonia com a pessoa, caráter e vontade de nosso Senhor (ver Jo 14.13 nota).

(3) A oração só poderá ser eficaz se feita segundo a perfeita vontade de Deus. “E esta é a confiança que temos nele: que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve” (1Jo 5.14; ver o estudo A VONTADE DE DEUS).Uma das petições da oração modelo de Jesus, o Pai Nosso, confirma esse fato: “Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu” (Mt 6.10; Lc 11.2; note a oração do próprio Jesus no Getsêmani, Mt 26.42). Em muitos casos, sabemos qual é a vontade de Deus, porque Ele no-la revelou na Bíblia. Podemos ter certeza que será eficaz toda oração realmente baseada nas promessas de Deus constantes da sua Palavra. Elias tinha certeza de que o Deus de Israel atenderia a sua oração por meio do fogo e, posteriormente, da chuva, porque recebera a palavra profética do Senhor (18.1) e estava plenamente seguro de que nenhum deus pagão era maior do que o Senhor Deus de Israel, nem mais poderoso (18.21-24).

(4) Não somente devemos orar segundo a vontade de Deus, mas também devemos estar dentro da
vontade de Deus, para que Ele nos ouça e atenda. Deus nos dará as coisas que pedimos, somente se buscarmos em primeiro lugar o seu reino e sua justiça (ver Mt 6.33 nota). O apóstolo João declara que “qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos o que é agradável à sua vista” (1Jo 3.22 nota). Obedecer aos mandamentos de Deus, amá-lo e agradá-lo são condições prévias indispensáveis para termos resposta às orações. Tiago ao escrever que a oração do justo é eficaz, refere-se tanto à pessoa que foi justificada pela fé em Cristo, quanto à pessoa que está a viver uma vida reta, obediente e temente a Deus — tal qual o profeta Elias (Tg 5.16-18; Sl 34.13,14). O AT acentua este mesmo ensino. Deus tornou claro que as orações de Moisés pelos israelitas eram eficazes por causa do seu relacionamento obediente com o Senhor e da sua lealdade a Ele (ver Êx 33.17 nota). Por outro lado, o salmista declara que se abrigarmos o pecado em nossa vida, o Senhor não atenderá as nossas orações (Sl 66.18; ver Tg 4.5 nota). Eis a razão principal por que o Senhor não atendia as orações dos israelitas idólatras e ímpios (Is 1.15).
Mas se o povo de Deus arrepender-se e voltar-se dos seus caminhos ímpios, o Senhor promete
voltar a atendê-lo, perdoar seus pecados e sarar a sua terra (2Cr 7.14; cf. 6.36-39; Lc 18.14). Note
que a oração do sumo sacerdote pelo perdão dos pecados dos israelitas no Dia da Expiação não
seria atendida se antes o seu próprio estado pecaminoso não fosse purificado (ver Êx 26.33 nota; ver o estudo O DIA DA EXPIAÇÃO).

(5) Finalmente, para uma oração eficaz, precisamos ser perseverantes. É essa a lição principal da
parábola da viúva importuna (Lc 18.1-7; ver 18.1 nota). A instrução de Jesus: “Pedi... buscai...
batei”, ensina a perseverança na oração (ver Mt 7.7,8 nota). O apóstolo Paulo também nos exorta à
perseverança na oração (Cl 4.2 nota; 1Ts 5.17 nota). Os santos do AT também reconheciam esse
princípio. Por exemplo, foi somente enquanto Moisés perseverava em oração com suas mãos
erguidas a Deus, que os israelitas venciam na batalha contra os amalequitas (ver Êx 17.11 nota).
Depois de Elias receber a palavra profética de que ia chover, ele continuou em oração até a chuva
começar a cair (18.41-45). Numa ocasião anterior, esse grande profeta orou com insistência e
fervor, para Deus devolver a vida ao filho morto da viúva de Sarepta, até que sua oração foi
atendida (17.17-23).

PRINCÍPIOS E MÉTODOS BÍBLICOS DA ORAÇÃO EFICAZ.

(1) Quais são os princípios da oração eficaz?
(a) Para orarmos com eficácia, devemos louvar e
adorar a Deus com sinceridade (Sl 150; At 2.47; Rm 15.11; ver o estudo O LOUVOR A DEUS. (b) Intimamente ligada ao louvor, e de igual importância, vem a ação de graças a Deus (Sl 100.4; Mt 11.25,26; Fp 4.6). (c) A confissão sincera de pecados conhecidos é vital à oração da fé (Tg 5.15,16; Sl 51; Lc 18.13; 1Jo 1.9). (d) Deus também nos ensina a pedir de acordo com as nossas
necessidades, segundo está escrito em Tiago: deixamos de receber as coisas de que precisamos, ou
porque não pedimos, ou porque pedimos com motivos injustos (Tg 4.2,3; Sl 27.7-12; Mt 7.7-11; Fp 4.6). (e) Devemos orar de coração pelos outros, especialmente oração intercessória (Nm 14.13-19; Sl 122.6-9; Lc 22.31,32; 23.34; ver o estudo A INTERCESSÃO).

(2) Como devemos orar? Jesus acentua a sinceridade do nosso coração, pois não somos atendidos
na oração simplesmente pelo nosso falar de modo vazio (Mt 6.7). Podemos orar em silêncio (1Sm
1.13) ou em voz alta (Ne 9.4; Ez 11.13). Podemos orar com nossas próprias palavras, ou usando
palavras diretas das Escrituras. Podemos orar com a nossa mente, ou podemos orar através do
Espírito (i.e., em línguas, 1Co 14.14-18). Podemos até mesmo orar através de gemidos, i.e., sem
usar qualquer palavra humana (Rm 8.26), sabendo que o Espírito levará a Deus esses pedidos
inaudíveis. Ainda outro método de orar é cantar ao Senhor (Sl 92.1,2; Ef 5.19,20; Cl 3.16).
A oração profunda ao Senhor será, às vezes, acompanhada de jejum (Ed 8.21; Ne 1.4; Dn 9.3,4; Lc 2.37; At 14.23; ver Mt 6.16 nota).

(3) Qual a posição apropriada, do corpo, na oração? A Bíblia menciona pessoas orando em pé (8.22; Ne 9.4,5), sentadas (1Cr 17.16; Lc 10.13), ajoelhadas (Ed 9.5; Dn 6.10; At 20.36), acamadas (Sl 63.6), curvadas até o chão (Êx 34.8; Sl 95.6), prostradas no chão (2Sm 12.16; Mt 26.39) e de mãos levantadas aos céus (Sl 28.2; Is 1.15; 1Tm 2.8).


A DESTRUIÇÃO DOS CANANEUS

Js 6.21 “E tudo quanto na cidade havia destruíram totalmente a fio
da espada, desde o homem até à mulher, desde o menino até ao
velho, até ao boi e gado miúdo e ao jumento.

(1) Antes de a nação de Israel entrar na terra prometida, Deus tinha dado instruções rigorosas
quanto ao que deviam fazer com os moradores dali — deviam ser totalmente destruídos. “Porém,
das cidades destas nações, que o Senhor, teu Deus, te dá em herança, nenhuma coisa que tem fôlego
deixarás com vida. Antes, destruí-las-ás totalmente: aos heteus, e aos amorreus, e aos cananeus, e
aos fereseus, e aos heveus, e aos jebuseus, como te ordenou o Senhor, teu Deus” (Dt 20.16,17; cf.
Nm 33.51-53).

(2) O Senhor repetiu essa ordem depois dos israelitas atravessarem o Jordão e entrarem em Canaã.
Em várias ocasiões, o livro de Josué declara que a destruição das cidades e dos cananeus pelos
israelitas foi ordenada pelo Senhor (Js 6.2; 8.1-2; 10.8). Os crentes do novo concerto
freqüentemente argumentam sobre até que ponto essa destruição em massa de seres humanos é
corrente com outras partes da Bíblia como revelação divina, que tratam do amor, justiça de Deus e
do seu repúdio à iniqüidade.

(3) A destruição de Jericó é um relato do justo juízo divino contra um povo iníquo em grau máximo
e irremediável, cujo pecado chegara a atingir sua plena medida (Gn 15.16; Dt 9.4,5). Noutras
palavras, Deus aniquilou os moradores daquela cidade e outros habitantes de Canaã porque estes se
entregaram totalmente à depravação moral. A arqueologia revela que os cananeus estavam
envolvidos em todas as formas de idolatria, prostituição cultual, violência, a queima de crianças em
sacrifícios aos seus deuses e espiritismo (cf. Dt 12.31; 18.9-13; ver Js 23.12 nota).

(4) A destruição total dos cananeus era necessária para salvaguardar Israel da destruidora influência
da idolatria e pecado dos cananeus. Deus sabia que se aquelas nações ímpias continuassem a existir,
ensinariam os israelitas “a fazer conforme todas as suas abominações, que fizeram a seus deuses, e
pequeis contra o Senhor, vosso Deus’’ (Dt 20.18). Este versículo exprime o princípio bíblico
permanente, de que o povo de Deus deve manter-se separado da sociedade ímpia ao seu redor (Dt
7.2-4; 12.1-4; ver os estudos A SEPARAÇÃO ESPIRITUAL DO CRENTE e O
RELACIONAMENTO ENTRE O CRENTE E O MUNDO).

(5) A destruição das cidades cananéias e seus habitantes, demonstra um princípio básico de
julgamento divino: quando o pecado de um povo alcança sua medida máxima, a misericórdia de
Deus cede lugar ao juízo (cf. 11.20). Deus já aplicara esse mesmo princípio, quando do dilúvio (Gn
6.5,11,12) e da destruição das cidades iníquas de Sodoma e Gomorra (Gn 18.20-33; 19.24-25).

(6) A história subseqüente de Israel confirma a importância desse princípio e da ordem divina de
que todas as nações pagãs fossem destruídas. Na realidade, os israelitas desobedeceram ao
mandamento do Senhor e não expulsaram completamente todos os habitantes de Canaã. Como
resultado, começaram a seguir seus caminhos detestáveis e a servir aos seus deuses-ídolos (ver Jz
1.28 nota; 2.2,17 notas). O livro de Juízes é a história daquilo que o Senhor fez em resposta a essa
apostasia.

(7) Finalmente, a destruição daquela geração de cananeus tipifica e prenuncia o juízo final de Deus
sobre os ímpios, no fim dos tempos. O segundo e verdadeiro Josué da parte de Deus, i.e., Jesus
Cristo, voltará em justiça, com os exércitos do céu a fim de julgar todos os ímpios e de batalhar
contra eles (Ap 19.11-21). Todos aqueles que rejeitarem a sua oferta de graça e de salvação e que
continuarem no pecado, perecerão assim como os cananeus. Deus abaterá todas as potências
mundiais e estabelecerá na terra o seu reino da justiça (Ap 18.20,21; 20.4-10; 21.1-4).